Mensagem do Mentor Maior – 20/12/2019
Ninguém aprende a dar adeus, ninguém nasce sabendo se despedir, ninguém automaticamente está pronto para deixar partir aquilo ou aquela pessoa que, durante tempos, na sua existência, afagou sua alma e não permitiu que a solidão lhe chegasse.
A onda que embala o mar leva para o fundo dele todos os objetos que, em terra, foram abandonados, mas, na hora que a maré baixa, o mar devolve-os à praia, deixando-os perdidos, sem seus donos.
Quem mais está perdido? Os donos, que não mais encontrarão seus objetos, ou os objetos, que ficarão à beira-mar?
Respondo-vos que os objetos!
Pois, dificilmente, voltam os donos para averiguar se o mar devolveu-os, pela crença certa de que seria impossível encontrá-los.
Todos aqueles que procuram pelos seus entes mais especiais são como os donos dos objetos que retornam, dia após dia, à beira-mar, na esperança de que, mais dia ou menos dia, o mar há de devolver seus preciosos objetos.
Deus é o mar!
Deus nos ensina a amar, cuidar, proteger, com exemplos diários da sua Bondade e Misericórdia para conosco.
Podes tu agora estar perguntando a ti mesmo: como um Deus tão bondoso arranca de mim meu filho? Meu esposo? Minha mãe? Meu pai?
Nosso maior erro é que, em meio ao desespero em que nos encontramos, não paramos para pensar que esse mesmo Deus enviou o seu mais amado Filho para ser morto e crucificado, tentando apenas nos mostrar o verdadeiro sentido da existência.
Então Ele sabe da tua dor, Ele sabe da tua dedicação para com aqueles que por tua vida passaram, sabe da tua vontade de agasalhar os filhos debaixo das asas e Ele também queria, mas nem Ele mesmo pôde: entregou o Filho com amor, esperando pela nossa misericórdia, assim como nós esperamos pela d’Ele.
A ruptura da carne é necessária para a evolução dos seres; é remédio amargo, mas necessário à nossa evolução.
O que se deve ter em mente é a oportunidade de se viver, amar, sorrir, distribuir caridade, carinhos e espalhar o amor: do resto nada importa. As pequenas mágoas, raivas, que alimentamos no nosso ser não apagam um sorriso sincero recebido.
Vive o hoje, olha para o lado e abraça quem está à tua volta. Senta à mesa e come com os teus. Beija, elogia, sê compadecido com os erros dos outros, assim como queres que sejam com os teus.
Quando, em teu ser, a dor quebrar todos os teus ossos, quando a sensação for de que tudo te foi arrancado, quando as noites forem longas, e a vida for curta, eleva o pensamento àquele que desejas que te escute: logo verás que os que foram antes apenas cumpriram a sua trajetória primeiro e que a prova continua por aqui.
Que o sol das seis horas entre na tua casa e no teu coração como a Promessa Divina de que Deus não esquece aqueles que Lhe suplicam.
Um filho pode ser tirado do ventre de uma mãe, mas nunca de dentro do seu coração; uma mãe pode ser levada de um filho, mas nunca apagada da memória, do cheiro de café que entra pela casa.
Teus entes não se foram, olham para ti a dizer: – estamos aqui!
Não deixes o silêncio ensurdecedor da dor tomar conta. Reforma-te a alcançar o desejo do Pai. Agarra-te na presença constante daqueles que te querem bem. Toma, por aprendizado, a falta, para amar, perdoar e ajudar, com a mesma pressa que tens para chorar, reclamar e maldizer.
Se ninguém entende a tua dor, toma-a por instrumento e modifica-te a ti mesmo, pela lembrança daqueles que tu amas e que também têm por ti verdadeiro amor.
Faz o bem, em memória do que aqui eles deixaram. Esquece as pequenas desavenças, pois todas se tornam pequenas depois que se vão; joga pela janela o remorso, a tristeza, a dor e coloca no rosto o semblante da Sabedoria Divina e dos cuidados paternais que o Criador exala, para que chegue a ti.
Não ensines o Pai a ser Pai: ensines a ti mesmo o caminho certo a seguir. Que a tua vontade nunca prevaleça sobre a d’Ele e que teu coração se ajoelhe perante a grandeza do amor de Deus.
Aprende que o único elo indestrutível é o amor, e o amor, esse nunca terá fim.
Que Deus abrande todos os corações nesta noite e que, na noite em que se comemora o nascimento de Jesus, as famílias enlutadas pela perda possam se reunir diante da mesa, em demonstração de agradecimento e amor pelos que se foram.
Vós sois guerreiros sobreviventes das perdas e são muito amados pelo Mestre.
Que o ano que se achega tenha formato de felicidade e de gratidão por tudo, até mesmo por aquilo que te feriu.
Feliz Natal e um 2020 cheio de amor e paz à todos!