Carta da Livia
Aqueles foram dias amargos, acompanhar a enfermidade de minha filha Livia alcançando este e mais aquele ponto de seu corpo.
Aconteceram dias de doce alegria ao perceber que os exames apresentavam expressivo sucesso, seguidos as vezes pouco tempo depois de avanços avassaladores da enfermidade de então.
Três anos e a esperança era sempre maior em nossos corações, o diagnostico, a cirurgia, quimioterapia, radioterapia, no entanto parece que já não havia mais o melhor remédio, o melhor médico, o melhor tratamento e aquele dia nos parecia ser a despedida.
Surpreendentemente minha filha parece ter sido alcançada por força que não compreendemos, um sorriso com brilho inesquecível, e pede a presença de mamãe, papai, irmãos, namorado e nos oferece a ultima lição.
“Deus” e falava com doçura sobre a bondade celeste, o amparo do alto, o socorro de sempre.
Falava agasalhada por uma fé expressiva em Deus, fé que a auxiliou a transitar todo este período sem lamentações, desespero ou revolta.
Serena. amparada por divina convicção de que a vida prossegue, minha filha naquela madrugada tornava a pátria espiritual.
Fomos alcançados pela estação das lagrimas, a saudade e a amarga duvida, será que fizemos tudo que deveria ser feito?
Os dias seguiam lentos e nosso socorro era a doce poesia da prece, buscando no dialogo com Jesus, a suplica ao amparo, o alívio, o lenitivo, a orientação a minha filha que havia partido.
Onde estaria, como estaria e com quem estaria, eram as questões que meu coração buscava resposta.
Sempre buscando o exemplo de minha filha Livia, fé e esperança, coragem e trabalho, além de um lema que adotara quando descobriu a doença: “Não desista, sempre insista”.
Um dia conheci uma médium de nome Maira Rocha e a carta de minha filha chegava pelo correio do alto, os detalhes, os episódios narrados, a forma, a maneira de escrever, era minha filha que voltava para dizer que nos amava e que estava bem.
Para consolo e alívio maior, dizia ela em anotações passadas pela médium Maira Rocha, que estava junto de minha mãe e de minha avó, dois anjos que a misericórdia celeste permitiram-me a oportunidade de estar ao lado destes corações, para mim angelicais, a receber tanto afeto, amparo, amor e ensinamentos de nobre sabedoria e saber que minha filha ao lado delas está, é motivo de alegria inefável, indescritível.
A carta levou-nos às lagrimas, a carta renovou nossas esperanças, encorajando sempre mais a prosseguir na certeza de que a vida continua e os elos do amor e do afeto jamais se apagam.